Depois do Jogo “A Baleia Azul”, que assombrou pais, educadores e adolescentes em 2017, agora chegou o alerta de uma nova forma de assombrar crianças. Desta vez, o “Desafio da Momo”, invade nossas casas de forma silenciosa e atrativa, entrando na programação de vídeos infantis que as crianças assistem no Youtube e Youtube Kids.
Ambos os “jogos”, como são chamados, desafiam crianças e adolescentes a praticarem auto violência e até tentativas de suicídio. Ambas são silenciosas e ameaçam as crianças ou adolescentes caso contem algo para seus pais.
A pouco tempo, visualizamos uma publicação(um pouco polêmica) do Youtuber Felipe Neto alertando os pais sobre conteúdos no Youtube relacionados à pedofilia infantil. Caso queiram assistir ao vídeo, o título do mesmo é “[+18!!!] O maior problema do Youtube. É muito sério”.
Tudo isso, remete a reflexões sobre o papel da tecnologia na educação das crianças e adolescentes.
É fato que nos últimos anos conseguimos ter acesso a tecnologia na palma da mão e isto facilitou muito a vida de todos nós, porém, é válido reforçar que as crianças, especialmente as que ainda estão em fase de desenvolvimento, precisam de atenção redobrada de adultos e familiares.
Estamos frente a uma geração de pais que se culpa excessivamente e busca facilitar os processos educativos em casa para evitar conflitos ou até mesmo, simplesmente para facilitar a rotina cansativa.
Mas quando se pensa em desenvolvimento de pessoas, conflitos não são de todo negativos, mas sim, necessários para o crescimento e desenvolvimento dos pais e dos filhos.
Além de que o estabelecimento de rotina é totalmente saudável tanto para as crianças quanto para os adultos.
Segundo documento divulgado no fim de 2017 pela Unicef, o “Situação Mundial da Infância 2017: Crianças e Adolescentes em um Mundo Digital”, 1 em cada 3 usuários de internet no mundo é uma criança.
É claro que existem muitos aplicativos saudáveis que estimulam o raciocínio lógico e a própria escrita, leitura e até o exercício de uma língua estrangeira.
Porém, pelo seu grau de maturidade, crianças ainda não conseguem distinguir entre conteúdos saudáveis antes dos mais atrativos, como vídeos e desenhos animados.
Além de muitas vezes as escolhas não serem saudáveis, seja para o desenvolvimento intelectual ou emocional, existem ainda os agravantes e problemas relacionados à saúde.
Pesquisas indicam aumento das dificuldades relacionadas ao sono, aumento de casos de miopia, obesidade e sedentarismo.
A Academia Americana de Pediatria atualizou um documento que orienta médicos, educadores e pais sobre o tempo das crianças e adolescentes em frente às telas (smartphones, televisão, tablets e afins).
A primeira orientação é clara: bebês até 18 meses (1 ano e 6 meses) não devem ter contato com telas. Dos 2 aos 5, é importante limitar a 1 hora por dia, com conteúdos previamente selecionados pelos pais.
A partir dos 6 anos, os pais podem realizar os combinados com seus filhos, mas sem esquecer de estimular também que a criança faça alguma atividade física, além da realizada na escola.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta que as crianças devem realizar atividade física diária, seja ela em uma brincadeira lúdica ou com alguma orientação profissional.
Para crianças e adolescentes, a atividade física inclui brincadeiras, jogos individuais e coletivos, esportes em geral, bicicleta, skate, patins, tarefas relacionadas à recreação, educação física escolar ou outro exercício programado no contexto das atividades da família, da escola ou da comunidade.
Já a Sociedade Brasileira de Pediatria, orientou a atividade física estipulando tempos para as mesmas.
Para crianças de 2 a 5 anos, a orientação é que a atividade seja realizada com qualquer intensidade, a partir de jogos e brincadeiras (correr, caminhar, pular, puxar, etc), em pelo menos 180 minutos diários (2h e 30min).
Para crianças acima de 6 anos, é recomendado ao menos 60 minutos de atividade física “moderada a vigorosa”.
Ambas as orientações estão diretamente relacionadas a saúde física da criança e ao estímulo para que sejam pessoas ativas, diminuindo os índices de obesidade, visto que hoje, quase 20% dos adultos brasileiros são obesos.
Do ponto de vista educacional, é válido relembrar uma pesquisa realizada pela AVG Technologies com famílias de todo o mundo, que evidenciou que 66% das crianças entre 3 e 5 anos de idade conseguia usar jogos de computador, mas apenas 14% era capaz de amarrar os sapatos sozinha.
Desta forma, entende-se que é preciso retomar conceitos e práticas importantes dentro de nossas casas.
Para isso, preparamos três importantes dicas que podem auxiliar pais e educadores a afastarem os perigos que a tecnologia trouxe para nossa rotina, sem ignorar os pontos positivos que a mesma possui. Veja:
Estabelecer rotina
Assim como existe a hora do lanche e a hora do banho, é preciso conversar com as crianças e adolescentes e estipular tempo para brincadeiras mais calmas, brincadeiras mais agitadas e também para o uso do smartphone, tablets, computadores, videogames ou televisão.
A melhor forma de estabelecer rotina e combinados é dialogando!
Existem diversas formas de organizar “planners” lúdicos com as crianças. Se precisar, peça ajuda de psicólogos, pedagogos ou pesquisem sobre “quadros de rotinas para crianças” no “Google”, existem muitos modelos bons que podem ser copiados!
Atenção para a programação
Todo pai ou mãe sonha com alguns minutos de tranquilidade e é fato que o Youtube pode ajudar nisso.
Porém, existem outros canais que podem trazer conteúdo infantil com maior segurança.
Procure adaptar os filmes, vídeos ou desenhos animados. A própria Netflix traz conteúdos infantis sem propagandas que podem dar mais segurança aos filhos. Ainda, é importante desencorajar o uso de telas antes de dormir ou na hora de fazer tarefas escolares.
Quanto antes começar, mais fácil será!
Estimule seu filho a fazer atividade física
A atividade física lúdica (jogos e brincadeiras), a prática esportiva coletiva ou a atividade física orientada por profissionais de educação física são ótimas opções para desenvolver a coordenação motora, e também o bem estar físico e emocional, devido a melhora da interação com outras crianças.
Além de gastar energia e dar um descanso para os pais. Invista nisso.
Incentive seu filho a sair de frente das telas e praticar atividade física, com certeza, este será um hábito que os pequenos irão levar para a vida toda!
Elisa Denardi Tessaro
Pedagoga,
Especialista em Psicopedagogia e
Mídias na Educação